quarta-feira, 5 de setembro de 2012


                                        Ritual 

                                                                            20/08/2012

O fogo arde

Me consume mais que lenha

Línguas de âmbar vivo

devoram meu olhar

 
Sentado mudo, inerte

Aqueço lembranças

No aconchego que ludibria

Conforto ilusório

Armadilha calcinante

 
Varo a madrugada cativo

Pelo hipnose incandescente

Que atiça meus segredos

Aviva meus medos

Assa calculadamente

Em temperatura branda

As entranhas da alma

 
Fogo implacável, inexplicável

- Porque não se extingue?

Cinzas, escombros de memória carbonizada

Quem dera fosse o fim

 
Mas no calor que faz que morre

Volta decidida e feroz

A fagulha que inflama

Tudo outra vez

Queimando por dentro

Sem parar

 
Funeral infinito

Dos meus sonhos perdidos

E ressuscitados 

Nas chamas do crematório

Que não se apaga

Nunca

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