quarta-feira, 5 de setembro de 2012


                                                             Maré Noturna

                                                                                                           (junho 2012)
 

 O sono rasteja ao meu redor

Como um felino noturno a me cercar

Se insinuando cada vez mais convincente...

 
Olho para o travesseiro vazio

Ao lado do meu

Em vez de um rosto suave

Adormecido e plácido

E os cabelos negros

caprichosamente derramados sobre a fronha

Repousa o livro de Jack London

 
Dormitava sobre o tecido liso, intocado,

A história que me embalou até que as pálpebras

Pesaram mais que a gana

De saber os rumos da trama.

 
Na capa a ilustração em pintura

De uma aventura selvagem em alto mar.

E eu agora só penso em ficar à deriva

Neste naufrágio voluntário

Sem sextante nem estrelas...

 
Só o oceano noturno

A crescer suas ondas e murmúrios

E o açoite dos ventos gélidos

Sentenciando que a jornada será longa;

 
O farol distante

Que lançava o facho incandescente daqueles olhos

Se apagou.

Longe, muito longe.

2 comentários:

  1. Gostei muito da forma como escreve.. acho que li todos.. alguns ficaram sem comentário, por que suas poesias por si só.. falavam... gostei muito e tive duas preferidas.. continue.. isso ajuda a você e completa os demais.. bjo

    ResponderExcluir
  2. Valeu Montanha querida, teu olhar é muito importante pra "calibrar" meus escritos. Beijão!

    ResponderExcluir